FALA, CT
AS MANOBRAS NO CAMINHO
Entrevista com Francileno Taveira, presidente da Escolinha de skate do Instituto Jiquitaia
Criada em 2009, o primeiro presidente do Instituto Jiquitaia queria mais do que criar uma escola de skate, mas sim dar capacitação para jovens aprendizes em Manaus. O caminho não foi fácil, dificuldades apareceram e o trabalho do instituto ficou parado por um tempo, sendo retomado depois pelo atual presidente, Francileno Taveira, que junto com outras pessoas, resgatou o propósito de fazer a diferença na vida de menores de idade em situação de vulnerabilidade social.
“Na periferia é assim: ou a criança vai para o caminho errado ou o certo, só que o caminho errado costuma prevalecer”, conta Francileno. O presidente reforça a importância do espaço para proporcionar ao jovem as condições necessárias para se desenvolver. De fato, segundo ele, o que o Instituto Jiquitaia mais necessita no momento é de uma estrutura própria que conte com mais recursos humanos e financeiros. Há três anos, Francileno montou às pressas uma estrutura em um espaço que é de sua mãe e mandou o projeto para a Confederação Brasileira de Skate (CBSK), o único projeto aprovado em todo o Amazonas.
A despeito dessa grande conquista, Francileno diz que não tem experiência na elaboração de projetos. Ele e mais dois colegas fazem as coisas de cabeça, rascunham notas em papéis, pedem ajuda a quem está disposto a ajudar e assim vão tocando o barco (ou o skate). Francileno mora há 48 anos na comunidade e conta com um círculo forte de amigos e voluntários, como comerciantes do próprio bairro que ajudam como podem. Futuramente, com mais recursos, Francileno deseja recompensar aquelas pessoas que atravessaram os momentos difíceis com ele e prestaram serviços unicamente pelo bem das crianças, citando a sua contadora como exemplo. Por isso é tão importante conhecer os mecanismos da Lei de Incentivo ao Esporte, motivo que o levou a fazer o curso de capacitação da CT.
“Quando eu assisti as aulas abriu minha mente”, conta Taveira enquanto nos mostra uma folha cheia de anotações. “Para a gente foi uma novidade, o quanto há de apoio para isso e não conseguimos enxergar”. Francileno anda de skate desde os 14 anos e acredita que “a galera do skate” tem que dar um exemplo melhor. Por isso, parte de seu trabalho é conscientizar as crianças do quanto a droga pode destruir a vida de uma pessoa. “O skate pode ser uma ferramenta de inclusão social. O futuro das crianças é agora”.